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Para muitas PME, a internacionalização é sinónimo de exportar
2017-02-21Quando as empresas portuguesas decidem expandir-se e entrar em mercados externos, mais do que abrir uma sucursal ou estabelecer parcerias de negócio, o principal canal de internacionalização é a exportação. A venda direta para clientes externos é a forma mais utilizada por uma larga maioria das Pequenas e Médias Empresas (PME) exportadoras inquiridas num estudo realizado para a Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP).
De 873 PME ouvidas pela empresa E-Monitor nas áreas dos serviços, indústria, comércio a retalho, transportes e alojamento, quase dois terços (61%) responderam que utilizam a exportação direta como estratégia de internacionalização. Não é a única. Entre as principais estratégias aparece sempre a exportação, mesmo que ela seja ocasional (18%) ou feita através de um agente internacional (15%) ou nacional (10%).
Há ainda uma franja de 13% que fez parcerias de negócios locais. Quaisquer outros modelos de internacionalização têm menos peso – o estabelecimento de uma sucursal ou de uma filial própria só acontece com 9%; a presença através de um escritório de representação ainda é menor (7%); e através de uma fábrica é ainda menos expressiva (2%).
É na agricultura e na indústria que as exportações diretas para clientes internacionais (sem intermediários) mais acontece, abrangendo cerca de três quartos das PME, ao contrário dos serviços, onde a venda direta se verifica menos. Mas aqui há uma maior diversificação das estratégias, pelas próprias características das empresas de prestação de serviços. Para as consultoras, as empresas de engenharia ou de assessoria jurídica, "a ‘presença física’ nos mercados de destino é, numa imensa maioria de situações, condição necessária para conduzir a sua atividade comercial e operacional suportada em bens não transacionáveis”, conclui-se no estudo.
Quase dois terços das empresas viu a atividade internacional progredir nos últimos dois anos e mais de 60% prevê crescer este ano na atividade internacional, o que acompanha a tendência dos inquéritos do INE. "Um dos fatores estratégicos para conseguir o desenvolvimento da economia portuguesa é, sem qualquer dúvida, a internacionalização”, sublinhou o presidente da Câmara de Comércio, Bruno Bobone, durante a apresentação do estudo, frisando que esse foi um "fator incontornável para ultrapassar as dificuldades pelas quais a economia portuguesa passou”. Uma grande parte das PME – mais de 40% – fá-lo em complementando à atividade que já desenvolve no mercado interno.
Segundo o estudo, o número de empresas internacionalizadas supera as 50 mil (40 mil são micro e 12 mil são PME). No entanto, para efeitos estatístico do INE só contam como exportadoras as empresas que têm pelo menos metade do volume de negócios vindo das exportações ou 10% quando o valor exportado é superior a 150 mil euros, por isso, considera-se que há menos empresas exportadoras – cerca de 22.400 PME.
O facto de desenvolverem atividade internacional não significou para muitas delas terem feito grandes alterações internas para se adaptarem: 69% fizeram-no mantendo a estrutura já existente – nas áreas financeiras, de recursos humanos ou nos sistemas de informação; apenas 18% avançaram com alterações, como por exemplo contratando mais trabalhadores, e foram menos ainda (13%) as que criaram um departamento internacional com equipas dedicadas aos mercados externos. Por exemplo, 30% das PME têm a atividade internacional integrada no departamento comercia, 24% adjudicam esta responsabilidade a uma pessoa que faz a ponte com outros departamentos da empresa.
Mais do que fazer um retrato estatístico de todo o tecido empresarial exportador palpável nos dados do INE, o estudo da Câmara do Comércio permite acompanhar "melhor a realidade das empresas que estão a internacionalizar-se”, conhecendo "o dia-a-dia das decisões” e a forma como estão no terreno, vincou Bobone.
Fonte: Público